Armando Bispo
04 Ago 2009 - 00h40min
Circulação de veículos na areia é comum no Porto das Dunas(Foto: MAURI MELO)
Polemizar e polarizar a discussão entre bugueiros, quadricicleiros, ralizeiros, banhistas e barraqueiros parece ser do interesse dos que não querem uma solução para o problema, não sabem o que é convívio racional e pacífico ou gostam de notícias fantasiosas, destituídas de fatos.
Bugueiros, ralizeiros, banhistas, nativos e barraqueiros só precisam de uma sensata mesa de negociação e diálogo para demonstrar ao poder público que o seu papel é estabelecer leis e fiscalização claras que satisfaçam o interesse comum, isto é, de todos, e não o de uma das partes.
A imprensa, por sua vez, pode ser mediadora e imparcial na apresentação dos fatos e da opinião das partes envolvidas. O que não aconteceu na reportagem “O perigo que vem das dunas”, publicada pelo O POVO no dia 30 de julho. Nela, ficaram estampadas a desinformação e a tendenciosa polarização do assunto, quando o perigo ganhou nome de 4x4 e quadriciclo, e a segurança absoluta se chamou de bugues “cadastrados”.
Embora seja totalmente a favor do honesto trabalho dos bugueiros, a reportagem destaca os alegados acidentes com quadriciclos e 4x4, como se não houvesse registros de acidentes e mortes com bugues em nossas orlas ou dunas. Seria bom lembrar que nem todo motorista de 4x4 é amador, assim como nem todo motorista de bugue é piloto credenciado pelas federações de automobilismo.
A irresponsabilidade alegada aos condutores de quadriciclos e 4x4 ficou também evidente na foto exibida na reportagem que mostra turistas sentados, fora da gaiola de proteção do bugue, sem cinto, sem encosto e sem nenhuma proteção. Aliás, já existem em nossas praias e dunas bugues com bancos e cintos traseiros, demonstrando que o profissionalismo também existe na classe bugueira.
A reportagem termina insinuando que o cearense não tem o direito de contemplar as belezas das dunas no seu carro, moto ou quadriciclo, a não ser que pague pelo aluguel de um credenciado. Ainda mais, deixaram de publicar para aprendizado de todos nós a Lei Ambiental que, segundo o fiscal do Instituto do Meio Ambiente, diz: “É crime ambiental trafegar em dunas móveis”.
Se é crime, ninguém deveria agredir o meio ambiente marcando as dunas com idas e vindas diárias, nem bugues, nem quadriciclos, nem 4x4, nem 4x2, nem os nativos e seus jegues, suas camionetes 4x2 em Jericoacoara, suas motos etc. Se é crime ambiental, vamos todos conhecer as dunas, os lagos e os mangues, pelos cartões postais.
Ninguém quer ser taxado de criminoso, fora da lei ou irresponsável. Para isso, é preciso diálogo, conversa, fóruns, entendimento das partes, reportagens isentas e informativas mostrando as facetas e fatos de cada grupo envolvido. Legislação clara e legisladores isentos de influência econômica para buscar o interesse comum, o direito ao lazer ecologicamente correto, o desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente.
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